O primeiro médico a fazer uma descrição clínica sobre a
Síndrome de Down (SD) foi John Langdon Down, médico inglês que, em 1866,
denominou a síndrome como “mongolismo”. Em 1958, descobriu-se que a síndrome
tratava-se de uma alteração do cromossomo 21, isto é, ao invés de possuir 46
cromossomos por célula agrupados em 23 pares, o indivíduo apresentava 47.
Caracterizada por um atraso do desenvolvimento, tanto das
funções motoras como das funções mentais, a SD faz com que o seu portador
apresente algumas características específicas: quando bebê são molinhos e pouco
ativos, perímetro cefálico menor, face com contorno achatado, nariz pequeno e
cavidades nasais estreitas; pálpebras apertadas, boca e orelhas pequenas dentre
outras.
Em relação ao desenvolvimento, as funções motoras e
cognitivas estão interligadas, pois quanto ao desenvolvimento motor, às
crianças com SD apresentam um atraso que depende muito da estimulação e
interação da criança com seu meio, já o desenvolvimento cognitivo é decorrente
da interação da criança com o ambiente e das mediações feitas a esta criança
por pessoas próximas.
Esta mediação tem como ferramenta o lúdico-recreativo. As
atividades centradas no prazer e no caráter lúdico possibilitam o aprimoramento
das habilidades motoras humanas de modo progressivo por meio de brincadeiras,
jogos, danças, entre outros, desenvolvendo com maior facilidade os aspectos,
físico, motor, cognitivo, emocional e intelectual.
Dessa forma, os jogos de exercício, são uma forma de
assimilação funcional e repetitiva, que formam hábitos, e esquemas
sensório-motores. Quando algo se estrutura como forma, é assimilado, tende a
ser repetido, gera prazer, satisfação e cria hábitos. A repetição de hábitos é
fonte de significados, e pode ter sentido funcional ou estrutural.
A aprendizagem, através da brincadeira, torna-se função
motivadora, ajudando, assim, o sindrômico de Down a desenvolver confiança em si
e suas capacidades, começando a ter maior percepção a respeito do outro. Por
este motivo, tanto o lúdico, como o ambiente no qual a criança está inserida,
são importantes para seu desenvolvimento.
Mesmo que a brincadeira do portador de SD seja similar ao da
criança normal, ela vai tender a ser menos explorativa, sendo importante
apoiar-se em brincadeiras como, jogos com regras para que se tenha uma
participação útil no trabalho de estimulação de sua sensibilidade, hábitos
posturais e equilíbrio.
Com reeducação psicomotora e por meio de suas vivências, e
interação com o mundo, a criança é levada a adaptar-se socialmente e tomar
parte no seu processo de ensino-aprendizagem, pois o brincar aumenta a
confiança em si mesma e em suas próprias capacidades e, a propósito, vencem
seus limites explorando novos conceitos que a ajudarão a atingir a
independência.
Entretanto, vale ressaltar que a família é parte
importante nesse processo de desenvolvimento da criança com Down, pois a mesma
constitui o sistema social que mais contribui de forma significativa, mesmo que
outros sistemas como escolas possam contribuir para o seu desenvolvimento. Por
isso, torna-se imprescindível que os pais sejam acolhidos em sua dor ao saberem da necessidade especial do filho para que os mesmos
possam restabelecer a importância de seu papel na vida da criança.
Esse acolhimento por parte de profissionais e familiares é
importante, pois possibilita que os pais se dediquem com mais veemência ao
filho e se disponham ao cuidado necessário para seu pleno desenvolvimento
emocional. Portanto, essa interação só vem a somar para o crescimento da
criança com SD e possibilitar a sua inserção na sociedade.
Assim sendo, é no seio da família que a imagem estereotipada
do portador de SD começa a mudar, tendo em vista que é através da brincadeira,
do lúdico e do ambiente que ele é capaz de desenvolver habilidades e
potencialidades que permitirão ter uma vida independente por meio das
ferramentas que lhes foram oferecidas.
Por possuírem a singularidade inerente a cada ser humano,
cada uma irá crescer e se desenvolver de acordo com suas particularidades, com
oportunidade de compartilhar descobertas que revelem suas potencialidades, o
que fará com que sua contribuição, por meio de seu trabalho no futuro, seja
reconhecido pela sociedade. Portanto, respeitá-los como cidadão faz parte de
uma sociedade democrática.
Referências
COUTO, T. H. A. M. (2007). A mãe, o filho e a Síndrome de
Down Dissertação de mestrado, Centro de Ciências da Vida, Programa de
Pós-Graduação em Psicologia. Pontifícia Universidade Católica de Campinas –
PUC-Campinas, 134p.
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